sexta-feira, 20 de junho de 2008

Os Sobreviventes

Recebi à tempos um Power Point dum amigo e resolvi basear o meu texto no mesmo. Para quem teve a sua infância durante os anos 60 e 70 saberá do que é que eu falo.

E conseguimos sobreviver...

  • Os carros não tinham cintos de segurança, apoios de cabeça, nem airbags. O pessoal ia no banco de trás fazendo uma festança enorme. E isso não era perigoso!?
  • As camas de grades e brinquedos eram multicolores e no mínimo pintadas com umas tintas “duvidosas” contendo chumbo ou outro veneno qualquer.
  • Não havia travas de segurança nas portas dos carros, chaves nos armários de medicamentos, detergentes ou químicos domésticos.
  • Andávamos de bicicleta para lá e para cá, sem capacete, joalheiras, caneleiras ou cotoveleiras.
  • Bebíamos água directamente das torneiras, de uma mangueira de jardim ou de uma fonte pública e não de águas minerais em garrafas esterilizadas.
  • Construíamos aqueles “caixotes de sabão” com rodas de madeira ou rolamentos e aqueles que tinham a sorte de morar perto duma ladeira asfaltada podiam tentar bater records de velocidade até verificar no meio do caminho que tinham “economizado” a sola dos sapatos, que eram usados como travões – alguns até estavam descalços.
  • Íamos para a rua brincar só com a condição de voltar para casa ao anoitecer. Não haviam telemóveis e os nossos pais nem sabiam, muitas vezes, por onde andávamos.
  • Tínhamos aulas só de manhã e íamos almoçar a casa. A tarde era para brincar na rua.
  • Gesso, dentes partidos, joelhos e braços raspados... Alguém se queixava? Todos tinham razão menos nós.
  • Comíamos doces à vontade, pão com manteiga, manteiga com pão, bebidas com o “perigoso” açúcar. Não se falava de obesidade. Brincávamos sempre na rua e éramos activos.
  • Não existiam Playstations, Nintendos, X-box, jogos de vídeo, internet sem fios, videocassetes, Dolby surround, telefones com câmera, computador e mesmo msn. Só existiam os amigos.
  • E os nossos cachorros? Alguém se lembra? Não existiam rações. Comiam o mesmo que nós (muitas vezes os restos do almoço), e sem problema nenhum. Banho com água quente? Champoo? Cá nada. No quintal um segurava no cão e o outro com a mangueira de regar as flores, água fria, ia deitando água enquanto o outro esfregava o animal com sabão azul – aquele de barra de lavar a roupa. Lembram-se se algum cão morreu ou adoeceu por isso?
  • A pé ou de bicicleta íamos a casa dos amigos mesmo se fosse longe. Nem batíamos à porta e entrávamos para brincar.
  • Jogávamos futebol na rua com duas pedras a fazer de baliza. Se não éramos escolhidos para uma das equipas, tudo bem... Não era o fim do mundo.
  • Na escola existiam os bons e os maus alunos. Uns passavam outros chumbavam. Não existia psicólogo. Não existiam os sobredotados nem se ouvia falar de dislexia, falta de concentração e hiperactividade. Quem chumbava simplesmente repetia o ano. Mais nada...
  • Tínhamos Liberdade, Fracassos, Sucessos, Deveres e aprendíamos a lidar com cada um deles.

Cada um que tire as conclusões que quiser.

Para mim fez-me lembrar a minha infância os amigos e as brincadeiras.

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