terça-feira, 9 de junho de 2009

Um acto de cidadania

Os elevados níveis de abstenção verificados nestas eleições levantaram novamente os fantasmas do voto obrigatório no nosso país. Votar é um dever ou um direito? Mas que tipo de penalização vamos dar a quem não votar? Uma multa? Aumento do IRS? Por muito que nos custe acreditar existem pessoas que não ligam absolutamente nada à política e a eleições. Para mim existe um factor mais importante.

Falta do sentimento de cidadania.

Quando se fala na troca do acto de votar por um dia passado no campo, na praia ou se vai haver mais afluência às urnas porque não chove, é estranho. Por outro lado quando se vê pessoas a esperar 4 ou 6 horas numa fila para votar na nova direcção do Benfica ou no Sporting algo vai mal na cabeça deste povo.

Votar é um direito e sobretudo um dever de cidadania. Não podemos esquecer daqueles que se sacrificaram, muitas vezes juntamente com a própria família, para que tenhamos o direito à escolha. Quando a liberdade é um dado adquirido aprendemos muito depressa a desprezá-la esquecendo que também, um dia, somos capazes de morrer por ela.

Sempre votei desde os meus 18 anos. Foi com orgulho que peguei naquele papelinho dobrado em 4 e o coloquei dentro daquela urna de cor escura. Tive na minha mão o poder da escolha. Muitos nunca tiveram esse direito. Naquela altura escolhi o que pareceu menos mau mas a minha opinião foi mudando consoante o decorrer dos anos. Agora só voto em quem acredito mesmo ou voto em branco - mas voto!

Sobre o voto em branco acho que é o direito que qualquer cidadão tem de discordar de todos os partidos, ideologias ou pessoas concorrentes respeitando no entanto o seu direito a votar. Votar em branco não é abster-se como alguns afirmam. É dar um cartão amarelo aos governantes transmitindo-lhes a mensagem clara de que têm de fazer muito melhor.

Nas recentes eleições europeias o número de votos brancos quase duplicou ao passar de 87 mil em 2004 para 165 mil. Estes votos seriam, por exemplo, suficientes para eleger mais um eurodeputado.

Será que a mensagem foi entendida?

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