quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Melodia

Senta-se ao piano.

Tremem as mãos,

O olhar desce.

As teclas, desconjuntas,

Trocam o silêncio pelo exercício.

As mãos tremem.

Os olhos descem.

A música repousa no papel

E faz nascer infernos

E desejo de silêncio

No ar dorido.

A menina senta-se ao piano

E no tempo interrompido

Pelo rasgo dos dedos enregelados por arritmia,

As suas mãos procuram apenas a brisa intangível

Onde desliza, na cor dia, de uma asterácea,

A branca, breve e leve semente da mais secreta

E intocável

Melodia.


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