quinta-feira, 17 de julho de 2008

A OBESIDADE NA POPULAÇÃO PORTUGUESA

A epidemia do séc XXI é a obesidade. Não sou eu que o afirmo são os especialistas europeus. Esta “doença” abrangerá no futuro cerca de 155 milhões de crianças. Na Europa actualmente 22 milhões já têm excesso de peso. As previsões indicam um aumento da ordem dos 400 mil por ano...

A Comissão Europeia preocupada com esta questão lançou um programa contra a obesidade e disponibilizará uma verba de 90 milhões de euros por ano para promover a distribuição gratuita de fruta e legumes nas escolas do 1.º ciclo.

Inquéritos realizados num estudo do “Pró Children” indicam que só 17,6 por cento das crianças com 11 anos comem a quantidade recomendada pela OMS (400 gramas/dia). Portugal e a Áustria, com 265 gramas, são os que apresentam melhores resultados.

No entanto isto não garante a Portugal um lugar entre os menos obesos. As crianças portuguesas estão entre as mais gordas da Europa. Em conjunto com as espanholas, as portuguesas são aquelas que têm um Índice de Massa Corporal acima da norma para a idade, segundo revela o estudo europeu “Pro Children”.

Áustria, Bélgica, Dinamarca, Islândia, Holanda, Noruega, Portugal, Espanha e Suécia foram os países avaliados por este estudo que em Portugal foi coordenado pela Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação do Porto. o “Pro Children” confirma que dos nove países estudados, o nosso era o que apresentava uma maior prevalência de crianças que, aos 11 anos, tinham peso a mais ou já eram obesas:

  • 30,6 por cento de rapazes
  • 21,6 por cento de raparigas

No Sul da Europa a prevalência da obesidade infantil situa-se entre os 20 e os 35 por cento, enquanto no Norte está entre os 10 e os 20 por cento. Este facto "Está relacionado com a perda dos valores da alimentação tradicional de características mediterrânicas, e também com o baixo nível educacional dos pais" segundo João Breda, coordenador da Plataforma Nacional contra a Obesidade da Direcção-Geral da Saúde.

AS SOLUÇÕES

Ao contrário de países como a Bélgica, Noruega ou Inglaterra, Portugal optou por não proibir alimentos nas escolas do tipo batatas fritas, refrigerantes, chocolates e snacks, mas o Ministério da Educação tem vindo desde 2007 a fornecer recomendações quanto aos produtos que devem ser promovidos ou evitados nos refeitórios e sobretudo nos bufetes escolares.

Lacticínios, fruta e hortícolas e pão estão entre os alimentos a promover, enquanto os fritos, folhados, refrigerantes, bolos com creme e guloseimas estão entre os géneros a "não disponibilizar."

Em todos eles a presença de sopa no menu é obrigatória. No entanto isto não quer dizer que o seu consumo o seja, pelo menos a partir do 5.º ano, onde a liberdade dos alunos começa a ser maior.

Em Outubro deverá ser também apresentado em Portugal e em outros nove países europeus o novo projecto europeu “Pro Greens”. Este pretende promover e avaliar o consumo de fruta e produtos hortícolas em crianças entre os 10 e 12 anos. Mais uma vez a responsável pelo projecto em Portugal será a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto mas por falta de meios a sua implementação poderá ficar limitada à cidade do Porto.

A PREVENÇÃO

Segundo um estudo recentemente divulgado as iniciativas que têm sido desenvolvidas no âmbito da prevenção da obesidade não chegam a 87% da população de Portugal continental. Os estudantes e os reformados são os menos informados.

Ainda segundo este mesmo estudo mais de metade dos portugueses não costuma praticar actividade física, não procura aconselhamento nutricional e nada faz para evitar o excesso de peso.

A maioria da população (55 por cento) não costuma praticar actividade física por falta de tempo (45 por cento) ou preguiça (28 por cento), sendo que 64 por cento não procura aconselhamento sobre alimentação saudável, muitos também por falta de tempo (29 por cento). Paralelamente, 61 por cento não faz nada para evitar excesso de peso, por considerar que não precisa ou "está bem assim" (77 por cento), por preguiça (10 por cento) ou falta de tempo (7 por cento).

A publicidade – “a falta de capacidade de parte da população, nomeadamente a mais jovem, de interpretar as suas mensagens" também constitui uma das razões segundo Miguel Rego (nutricionista e membro do grupo executivo da Plataforma contra a Obesidade), porque a população mais jovem é induzida a fazer escolhas desadequadas.

ACTUALIZAÇÃO DE DADOS

Na revista Obesity Reviews (Dez 2007), foi publicado um estudo com uma amostra representativa de 8116 participantes, que actualiza a prevalência da obesidade em Portugal, para adultos, com dados referentes a avaliações realizadas entre 2003-2005.

Relativamente a indicadores de distribuição de gordura, 45,6% dos participantes manifestavam risco cardiovascular aumentado com base no valor do perímetro da cintura, uma medida da quantidade de gordura depositada na região abdominal. Foram identificados grupos específicos da população com maior prevalência da obesidade, designadamente os grupos de baixo nível socio-económico e de baixos índices de instrução.

Este texto foi baseado em diversos artigos do Jornal “O Público”


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