Notícia publicada no DN da Ilha da Lenha
Painéis polémicos na cidade
o palácio de são lourenço tem à sua frente um dos novos ecrãs da 'Controlmedia' Data: 28-01-2009
Instalados há poucos dias, os novos painéis informativos e publicitários da empresa 'Controlmedia', do empresário (e deputado do PSD-M) Jaime Filipe Ramos, já geraram polémica no Funchal. O desagrado pela dimensão ciclópica dos novos equipamentos tem gerado comentários entre os munícipes, comentários esses que já circulam nos meios de comunicação, motivando 'Cartas do Leitor' no DIÁRIO, ou críticas expressas na rádio ou através da Internet, como no caso de Raimundo Quintal, conhecido geógrafo, ecologista e ex-vereador da Câmara Municipal do Funchal (com o pelouro do Ambiente).
Caricato é o facto de, há pouco menos de uma década, a CMF ter decidido instalar uma série de painéis electrónicos de muito menores dimensões (cuja concessão foi outorgada então à empresa de Jaime Filipe Ramos), os quais só funcionaram durante muito pouco tempo, mas que ainda se encontram distribuídos pela cidade, desactivados. O vice-presidente da CMF, Bruno Pereira, explicou-nos que os painéis colocados inicialmente não são susceptíveis de reactivação, pois estão obsoletos em termos tecnológicos: só podem funcionar comandados por um tipo de processador que foi descontinuado há anos. E, aliás, esses ecrãs nunca funcionaram bem, sofrendo de múltiplos problemas desde o início. Segundo referiu o nosso interlocutor, a CMF adquiriu esses painéis há anos, mas houve um hiato temporal desde a aquisição até ao estabelecimento da concessão da sua utilização com a empresa de Jaime Filipe Ramos.
Quando os painéis pequenos começaram a funcionar (e bastante mal) já estavam ultrapassados. Por isso, o mercado publicitário que surgiu foi pouco, e o seu uso foi abandonado. Ficaram a 'ornamentar' a urbe até aos dias de hoje. Mas Bruno Pereira garante que serão retirados. O que se mantém ainda em vigor é a concessão à 'Controlmedia', atribuída "mediante concurso público" pela gestão camarária de então. O actual vice-presidente, que não nos soube dizer, para já, durante quanto tempo se manterá em funcionamento a dita concessão, insiste que a CMF retém, ao abrigo do contrato, 60 por cento do tempo de emissão dos painéis para veicular informações úteis e importantes ao cidadão e ao visitante, e para sensibilizar "para temas como o ambiente ou a gestão da água", entre outras campanhas necessárias. E informa que a Câmara não gastou dinheiro nestes novos painéis de maiores dimensões: os mesmos são propriedade da 'Controlmedia', que os comprou para aplicar a sua utilização em fins publicitários e fazer valer a concessão que lhe foi atribuída há anos pela autarquia. Quanto ao impacto visual, Bruno Pereira refere que a CMF e a Controlmedia procuraram equacionar o melhor enquadramento possível, optando pela presente localização por motivos de necessária centralidade. O DIÁRIO tentou contactar Jaime Filipe Ramos, mas não conseguimos chegar à fala com o empresário. Ex-vereador critica 'espantalho' Raimundo Quintal dirigiu as suas críticas principalmente ao local onde foi instalado um dos painéis electrónicos, na Avenida Arriaga, perto da estátua de Gonçalves Zarco. O ecrã "fere gravemente a paisagem do núcleo urbano onde se integra o Palácio de S. Lourenço e o Largo da Restauração". Esta situação, considerou, "revela falta de respeito pelos direitos dos cidadãos desfrutarem do património histórico", na zona onde se situa "o mais importante elemento da arquitectura civil e militar madeirense (...) classificado como Monumento Nacional". O ambientalista contesta ainda o facto de, nas proximidades, permanecer o quiosque da estilista Fátima Lopes, "que se mantém encostado ao Palácio, quase um mês após o fim das comemorações dos 500 Anos da cidade do Funchal".
Luís Rocha
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