Senta-se ao piano.
Tremem as mãos,
O olhar desce.
As teclas, desconjuntas,
Trocam o silêncio pelo exercício.
As mãos tremem.
Os olhos descem.
A música repousa no papel
E faz nascer infernos
E desejo de silêncio
No ar dorido.
A menina senta-se ao piano
E no tempo interrompido
Pelo rasgo dos dedos enregelados por arritmia,
As suas mãos procuram apenas a brisa intangível
Onde desliza, na cor dia, de uma asterácea,
A branca, breve e leve semente da mais secreta
E intocável
Melodia.
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