terça-feira, 30 de dezembro de 2008

José Gil

Os portugueses gostam de ser pequeninos. Sabe, muitas vezes eu comparo as reacções às reacções dos habitantes das ilhas. Eu conheci uma ilha, conheci muito bem uma ilha onde vivi, que foi a Córsega, e fiquei de tal maneira marcado por aquelas mentalidades que quando vim para Portugal eu era capaz de reconhecer, ao fim de dez minutos de conversa, que aquela pessoa vinha dos Açores. Sem saber mais nada, outro indício. Quer dizer, há qualquer coisa de muito específico no habitante da ilha. É que a ilha é como um corpo de onde se sai e para onde se volta quase necessariamente. É muito difícil as pessoas desligarem-se da ilha.

José Gil

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José Gil, autor de várias obras sobre Filosofia, Artes, Dança e Literatura, nasceu em 1939 em Muecate, Moçambique. Aos 18 anos foi para França onde se licenciou em Filosofia na Faculdade de Letras da Sorbone, em Paris, em 1968. Anos mais tarde doutorou-se em Filosofia na Universidade Paris VIII. Em 1976 regressou a Portugal e foi assessor do secretário de Estado do Ensino Superior do IV Governo Provisório. Em 1981 entrou na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa como professor convidado, onde hoje é professor catedrático. Escreveu ‘Portugal, Hoje – O Medo de Existir’, foi publicado em 2004 e retracta a instabilidade, o desnorte, o medo de existir, sobretudo, e também uma análise à actualidade de então. O livro é publicado ainda com Santana Lopes no poder.


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